Um estudo publicado na revista Science afirma que indivíduos obesos podem ter prejuízo no sistema imunológico mesmo após emagrecerem. O grupo de cientistas, conduzido pelo pesquisador Masayuki Hata, da Universidade de Kyoto, no Japão, obteve evidências de que uma dieta rica em gordura altera a imunidade inata — anticorpos que estão presentes desde o nascimento e oferecem resposta imediata a invasões estranhas —, a ponto de facilitar o surgimento de doenças inflamatórias.

Em uma análise feita com camundongos, eles verificaram que os macrófagos (um tipo de célula de defesa) do tecido adiposo dos roedores alimentados com uma dieta rica em gordura apresentaram mudanças epigenéticas que levaram ao aumento da expressão de genes que funcionam em respostas inflamatórias. Os achados abrem caminho para a explicação, por exemplo, da degeneração macular, uma doença neuroinflamatória que causa cegueira irreversível, associada à idade e à obesidade.

No estudo com camundongos, mesmo após eles retornarem ao peso e metabolismo normais, a expressão de genes relacionados às respostas inflamatórias permaneceu alterada. Uma das hipóteses para o caso da degeneração macular, segundo Hata, que atua no departamento de oftalmologia e ciências visuais, é que a gordura, mais especificamente ácidos graxos, como o ácido estérico, provoca modificações nos macrófagos resistentes adiposos para um fenótipo pró-inflamatório, que é retido durante o envelhecimento.

Essas células retidas podem viajar para outras partes do corpo, incluindo os olhos, e provocar cegueira.

Estudos mais aprofundados, inclusive em humanos, poderão direcionar essas descobertas para a reversão das mudanças no sistema imunológico ocorridas em períodos de obesidade.

SOBRE A OBESIDADE

A obesidade é uma doença crônica, definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo. O tratamento da obesidade precisa ser de longa duração. Para além do controle, é preciso evitar outras complicações que aparecem com o tempo e resultam em um menor expectativa de vida.40 Nas crianças e adolescentes, o excesso de peso costuma causar principalmente doenças do coração, Diabetes Mellitus tipo 2 e problemas psicológicos.38,39 Quem tem obesidade na infância tem muito mais chance de se tornar um adulto com obesidade.

Por que isso acontece? Em nossos corpos, a obesidade aparece quando a energia ingerida com os alimentos supera muito a quantidade de energia gasta nas atividades diárias. Outros fatores também interferem, como a genética, a situação socioeconômica e o ambiente em que vivemos.
É fácil perceber isso hoje observando-se as mudanças causadas pela tecnologia no estilo de vida dos mais jovens. As atividades e brincadeiras ao ar livre, por exemplo, perderam espaço para telas e jogos eletrônicos. Os hábitos alimentares também mudaram. Hoje, consumimos mais alimentos ultraprocessados/processados ou fast-food, que ficaram mais acessíveis. Por isso, “muitas vezes” crianças e adolescentes consomem menos alimentos saudáveis.

PRINCIPAIS CAUSAS DA OBESIDADE

Genética: Pessoas da mesma família muitas vezes convivem com excesso de peso, mesmo que não vivam juntas.

Alimentação: Comidas processadas e industrializadas costumam contribuir para o ganho de peso, pois possuem muitas calorias e gorduras ruins em sua composição.

Estilo de vida: As crianças e adolescentes de hoje dedicam menos tempo a exercícios físicos e mais tempo aos eletrônicos, o que as deixa mais sedentárias.

Medicamentos: Algumas medicações como remédios usados no tratamento de depressão, diabetes e corticoides (recomendados contra alergias e inflamações) podem levar ao ganho de peso.  

Hormônios: Crianças e adolescentes podem ter alterações glandulares que propiciam o ganho de peso (ex: deficiência do hormônio de crescimento, alteração na tireoide).
Fatores psicológicos:  O aumento de peso pode estar ligado a questões emocionais e à qualidade de vida como: baixa autoestima, preconceito, depressão, ansiedade, insatisfação com o corpo e dietas não saudáveis.

CONSEQUÊNCIAS DA OBESIDADE

O excesso de gordura no corpo pode desencadear ou agravar muitas doenças, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares (hipertensão, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca congestiva e embolia pulmonar), apneia do sono, alguns tipos de câncer, problemas no fígado e de circulação sanguínea.