Aparentemente pessoas comuns, vivendo vidas comuns, com relacionamentos comuns. Sob a superfície, intrincados dramas de consciência, ausência de comprometimento com a realidade interior de cada ser participante da mesma história.

Tão perto e, ao mesmo tempo, tão distante do alcance da vontade. É possível que sonhos sonhados juntos, em algum momento, percam o significado que tinham para ambos? Íntimos podem, de repente, se tornarem estranhos um para o outro?

Até que ponto centralizar toda a sua vida em um único projeto pode ser perigoso? A reflexão honesta de quem somos e do que realmente queremos pode nos dar a resposta.

Impossível estar totalmente envolvido e perceber o concreto do que se vive sem ser fiel a si mesmo e sem dar uma chance para as surpresas boas e más que a vida sempre nos reserva.

Se envolver de mais ou de menos? Perder a individualidade, a liberdade, o amor próprio? Ou continuar inteiros, despertos e vivos? Pois, quem abre mão de si mesmo pelo outro ou por qualquer coisa que possa dar sentido à sua insignificante vida, perde o contato com o grandioso processo do crescimento e da maturidade.

Não podemos simplesmente nos eximir da responsabilidade pelas coisas que criamos. Culpar o tempo ou qualquer outra circunstância é não aceitar a própria participação no decurso natural de todo processo.

Ainda bem que, para aqueles que acreditam, Deus nos proporciona o seu conforto e nos dá a graça de aprendermos e sermos fortalecidos a cada novo tropeço.

Para quem prefere acreditar no acaso, coincidências ou destino, também resta uma esperança: a de vir a ser uma pessoa melhor com o passar do tempo.
No entanto, isso só será possível se assimilarmos as lições que, diante do sofrimento, se nos apresentam sob inúmeras formas. A menos que nos recusemos a encará-las e preferirmos a alienação como anestesia para a dor.

Felizmente, da aparente tragédia e do inevitável caos, surge a paz, fruto da reconciliação consigo mesmo e com o mundo, e a tranquilidade diante do reconhecimento de que a vida tem sempre muito mais a nos oferecer.


CAH SANTOS é formada em Pedagogia e pós-graduada em Educação Matemática pela Universidade mineira Unimontes. A escritora brasileira enxerga na escrita uma possibilidade de reflexão sobre a vida. Utilizando este meio como uma ferramenta poderosa de comunicação ela escreveu dois livros sobre relacionamentos amorosos ‘Meu noivo me largou. E agora?’ e ‘Depois do fim: um caminho para a liberdade’ onde conta experiências pessoais e de conhecidas com o intuito de ajudar mulheres a superarem fins traumáticos, reconhecerem os próprios erros e renascerem para uma nova oportunidade de vida.