O mês passado foi o mês da campanha do Setembro Amarelo, mês de conscientização e prevenção do suicídio. Neste mês o Projeto Superar e Ser Feliz dá destaque ao Outubro Rosa, mês da prevenção do câncer de mama. Para quem não sabe, Outubro Rosa alerta sobre prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama.

O mês de Outubro já é conhecido mundialmente como um mês marcado por ações afirmativas relacionadas à prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama desde dos anos 90. Para incentivar os leitores e promover a conscientização deste tema tão importante, o Projeto Superar e Ser Feliz através da revista Linha Aberta, lança uma história inspiradora de uma sobrevivente de um câncer de mama raro. Quem conta a história de superação deste mês é Siluandra Scheffer.

Siluandra Scheffer, escritora, palestrante e consultora em estética e emagrecimento é uma catarinense que ficou famosa por perder 30 quilos e por contar sua história no livro Diário de uma Ex-Gordinha de sua autoria. Silu, como todos a conhecem, foi surpreendida há poucos anos com um câncer de mama raro e compartilha com o Projeto Superar e Ser Feliz como se superou.

A HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO Silu Scheffer

O chamado do médico, “Siluandra Scheffer”, ecoou pelos corredores do hospital. Caminhei por um corredor interminável até ouvir o diagnóstico. “Infelizmente, deu positivo para um tipo de câncer não muito comum chamado Paget’s disease”. No instante seguinte, pedi licença, encontrei um banheiro e permiti a mim mesma chorar por 10 segundos. Após aquele momento, tomei uma decisão: não choraria mais. Não porque sou inabalável, mas porque sabia que as lágrimas não mudariam o diagnóstico.

Da mesma forma que escolhi ser feliz e escrevi dois livros, incluindo “Diário de uma Ex-Gordinha”, contando minha jornada de gordinha a miss, eu decidi que não seria vítima do câncer. A doença estava lá, um diagnóstico terrível, mas chorar não o mudaria. E se eu perguntasse a Deus “por que eu?”, estaria fazendo a pergunta errada.

A pergunta certa era “para quê, meu Deus?Entender o propósito por trás da minha jornada era fundamental. Afinal, eu estava longe de ser uma candidata típica a desenvolver câncer. Na verdade, já estava lutando contra essa doença silenciosa há dois anos, enquanto médicos me tratavam com pomadas para alergias no bico do seio. Eu era ativa, cuidava da minha saúde, treinava diariamente, fazia dieta rigorosa. Era difícil de compreender, assim como era difícil entender como eu me trataria, já que não tinha plano de saúde, estava longe da família e recém-casada. O médico me disse para voltar ao Brasil para tratamento. Com o diagnóstico em mãos, bati na porta do Hospital Memorial e busquei ajuda. Um jovem funcionário me disse: “Eu perdi minha mãe para o câncer, mas você não vai morrer por causa dele. Eu vou te ajudar.” Parecia que Deus estava me dizendo que me daria um desafio terrível, mas também me equiparia com as ferramentas para lutar.

E assim foi. Encontrei apoio, encontrei tratamento e estava a caminho de encontrar a resposta para minha pergunta. Um pouco antes da minha primeira sessão de quimioterapia, enfrentei uma ferida aberta no seio que sangrava abundantemente. Naquele momento, conversei com o câncer e fiz um decreto: “Eu não sei por que você está aqui, mas sei que um dia terei a resposta. Hoje, eu decreto a minha cura.” Pouco se nos ensina sobre o poder que possuímos, e muitas vezes vivemos apoiados em nossas fraquezas. Acredito que somos filhos de uma promessa divina e que nossos decretos têm força e poder, prontos para serem ativados.
O dia da primeira sessão de quimioterapia chegou. Foram oito horas recebendo medicamentos, uma experiência intensa que fazia com que uma gota a mais parecesse capaz de me derrubar. Das sete cirurgias que enfrentei, a quimioterapia era o desafio mais difícil. Após a sessão, eu saía do hospital e ia direto para a academia, determinada a não permitir que o câncer me derrubasse. Contudo, os três dias seguintes eram os mais terríveis. Lembro-me de uma banana que levei o dia inteiro para comer, perdendo cinco quilos após cada sessão de quimio.

A primeira sessão de quimioterapia carregava uma grande significância para mim, pois estava em busca da resposta para o “porquê”. Os três dias que se seguiram foram desafiadores a níveis indescritíveis. Eu caía no chão e meu marido me ajudava a levantar. A fraqueza era avassaladora, e a dor parecia intransponível.

No quarto dia, após a quimioterapia, acordei, coloquei os pés no chão e permaneci sentada na cama. Meu marido ainda estava dormindo, e então algo extraordinário aconteceu. O canto dos pássaros invadiu o quarto, suas vozes melodiosas encheram o ambiente. Foi como se eu estivesse ouvindo aqueles sons pela primeira vez. Olhei para Zak, meu marido, e o que senti foi puro amor. Meu olhar se voltou para minha cachorrinha e a mesma onda de amor me envolveu. Percebi algo extraordinário: a dor que me assolava havia sumido. Pela primeira vez, estava verdadeiramente presente em minha própria vida.

A partir desse momento, compreendi o verdadeiro propósito da minha jornada. Uma chave virou dentro de mim, e desde aquele dia, o amor passou a ser o centro da minha existência. Abandonei a reclamação em relação ao meu corpo, aos meus cabelos, ao meu marido e à vida em si. Perceber a preciosidade de estar presente, de aceitar e apreciar cada passo do caminho, trouxe uma profunda serenidade.

Hoje, após vencer a batalha contra o câncer, sou muito mais do que a doença que enfrentei. Sou amiga, sou esposa, sou palestrante e sou uma voz que se ergue para apoiar outras mulheres a construírem seus sonhos. Acredito fervorosamente que há um despertar reservado para todas nós, um momento em que abraçamos nossa força interior e reconhecemos nossa própria grandeza.

Minha jornada me mostrou que a beleza não reside apenas na aparência, mas é um reflexo do que nos tornamos por dentro. Nenhuma mulher neste mundo precisa perder todos os cabelos de sua cabeça para compreender sua verdadeira beleza. Cada uma de nós tem uma jornada única e valiosa, e essa jornada é o que nos faz verdadeiramente especiais.

Minha experiência me levou a abraçar a vida de maneira mais profunda e autêntica. Aprendi a valorizar cada momento, a encontrar força nas adversidades e a espalhar amor e apoio sempre que possível. Minha missão agora é compartilhar essa sabedoria e encorajar outras mulheres a abraçarem quem são, a acreditarem em si mesmas e a perseguirem seus sonhos com determinação.

Projeto Superar e Ser Feliz

O Projeto Superar e Ser Feliz, criado pela professora Anete Lobo, tem como foco ajudar pessoas que passaram ou estão passando por episódios de sofrimento e trauma a encontrar meios de superação para sua dor. A cada mês,uma mulher é selecionada para contar sua história de dor e superação, ajudando assim, outras pessoas que possam se motivar através de seus relatos.

O projeto dispõe de uma lista de recursos com recomendação de diversos profissionais da área de saúde mental, grupos de apoio, artigos, livros e vídeos com conteúdo para dar suporte aos interessados em encontrar superação. Basta acessar o website do projeto. Comentários, perguntas, sugestões podem ser enviados para o email superareserfeliz@gmail.com . Contato: Anete Lobo
Website: www.superareserfeliz.com

Parcerias:

Rosana de Rosa – Life Coach e Terapeuta
Rosali de Castro Aguiar – Psicóloga, Advogada, Mediadora e Consteladora Familiar Sistêmica
Flavia Duarte – Mentora, Fundadora do Projeto Flávia Se Cuida, Líder do Grupo Mulheres do Brasil no Comitê de Violência Doméstica na Flórida
Wanessa Surdine – Personal da Mente

Anete P. Lobo
Criadora do Projeto Superar e Ser Feliz
superareserfeliz@gmail.com