Nesta edição de junho a Revista Linha Aberta dá sequência aos relatos inspiradores de mulheres do Projeto Superar e Ser Feliz. Em parceria com o projeto, fundado pela Professora Anete Lobo, a revista Linha Aberta abre espaço para testemunhos de mulheres que passaram por traumas e ressignificaram sua dor. O propósito é de inspirar os leitores através das histórias de superação destas mulheres. As fotos do “antes & depois” da mulher selecionada para a matéria funcionam como uma metáfora indicando Dor X Superação.
Após o sucesso e impacto que a edição de maio teve nos leitores com o relato de superação e ressignificação do luto de uma mãe, este mês, o Projeto Superar e Ser Feliz apresenta a história de Flávia Duarte uma sobrevivente de violência doméstica com uma surpreendente história de superação. A produção de Flávia é de Danilo Versony do Studio-D Beauty & Hair Salon. Flávia Duarte é fundadora do projeto Flavia Se Cuida, mentora e Líder do Comitê de Combate à Violência Contra a Mulher do Grupo Mulheres do Brasil, no Sul da Flórida.
LINHA ABERTA: Flávia, conte a sua história. Como tudo começou?
FLÁVIA DUATE: Eu com 40 anos, entrei em um relacionamento acreditando que tinha encontrado o homem perfeito que iria realizar meu sonho de me casar e ter filhos, mas estava caindo na maior cilada da minha vida. Desde o início percebi algumas coisas estranhas mas por não ter conhecimento, ignorei os sinais e fui me entregando 100% para esse homem. Ele era extremamente ciumento e inseguro, me controlava o tempo todo, e como junto ao início da relação veio o Covid, eu fiquei aprisionada nessa relação sofrendo os 5 tipos de violência (Psicológica/Moral/Sexual/Patrimonial/Física).
LINHA ABERTA: O que você viveu todo esse tempo e como você percebeu que precisava de ajuda?
FLÁVIA DUATE: Mesmo sendo humilhada quase todos os dias e agredida fisicamente eu não conseguia sair de perto daquele homem, ele tinha a senha do meu celular, aplicativos, me fez parar de trabalhar e devolver meu carro. Durante as brigas ele sempre me ameaçava dizendo que era do FBI; eu tinha muito medo dele e acabava tendo que fazer tudo que ele queria para minha própria sobrevivência. Eu não podia falar com ninguém porque ele não deixava. Ele me fez excluir amigos e familiares do meu Instagram e telefone.
LINHA ABERTA: A pressão dentro de um relacioamento abusivo é muito grande. Como você reagia a tudo isso?
FLÁVIA DUARTE: Quase enlouqueci, com discussões e brigas quase todos os dias, sendo uma escrava desse homem e tentando o tempo todo fazê-lo ficar bem porque ele sempre jogava a culpa em mim.Um dia graças a Deus, quando ele estava me obrigando a ter relação com ele e tentou me dar um soco na cara, resolvi fugir e chamar a polícia.
LINHA ABERTA: QUANDO SABEMOS QUE PRECISAMOS BUSCAR POR SOCORRO?
FLÁVIA DUARTE: Foi aí que minha vida se desmoronou e eu fiquei na rua sem saber o que fazer, em choque. Não conseguia vaga nos shelters ( abrigos) porque estavam todos cheios; tive pânico de sair na rua com medo dele que me ameaçou dizendo que ia até o inferno para acabar com a minha vida.
Procurei ajuda de uma instituição do governo, o CVAC, e eles começaram a cuidar de mim e me orientar. Foi onde me falaram que além de vítima de violência doméstica eu tinha sofrido tráfico humano. Meu mundo caiu. Eu não sabia por onde começar para recomeçar a viver. Cheguei a pesar 54kg, só chorava.
Foi um processo de muita terapia específica para o trauma, precisei de advogado criminal e imigratório, mas graças a Deus tive todo esse suporte do CV; eles também me davam comida até que eu voltasse a trabalhar.
LINHA ABERTA: COMO VOCÊ PODE DESCREVER A SUA SUPERAÇÃO?
FLÁVIA DUARTE: Foi a fase mais difícil e dolorosa da minha vida, mas aos pouquinhos eu fui aprendendo a me amar, a não me culpar, a me responsabilizar e fui ressignificando aquela dor.
Criei o projeto @flaviasecuida para me ajudar e ajudar outras mulheres a lidar com essa humilhação e dor tão grande. E hoje depois de quase desistir do meu sonho de casar, Deus me abençoou, e estou casada e muito feliz. As crises de pânico finalmente foram substituídas por esperança. Hoje ajudo mulheres a transformar essa dor em amor. Amor por elas mesmas.

O QUE É O PROJETO SUPERAR E SER FELIZ?
O Projeto Superar e Ser Feliz dispõe de uma lista de recursos com profissionais da área de saúde mental, grupos de apoio e links com contéudo para dar suporte aos leitores interessados em encontrar superação. Comentários, perguntas, sugestões podem ser enviados para o e-mail superareserfeliz@gmail.com. Contato: Anete Lobo
Parcerias:
Studio-D Beauty & Hair Salon (maquiagem e cabelo da Mulher Destaque do mês)
Rosana de Rosa – Personal Coach, terapeuta e fundadora do Projeto Acolher Perdas e Luto
Wanessa Surdine – Terapeuta energética, criadora do método LevedeSer e autora de livro Salto para uma Vida Leve de Ser
Rosali de Castro Aguiar – Psicóloga, Advogada, Mediadora e Consteladora Familiar Sistêmica
Projeto Flavia se Cuida – Mentoria para mulheres que sofrem violência doméstica
O PROJETO SUPERAR E SER FELIZ TEM COMO PROPÓSITO MOTIVAR MULHERES EM SUA SUPERAÇÃO PESSOAL ATRAVÉS DE RELATOS DE HISTÓRIAS VINDAS DE OUTRAS MULHERES QUE PASSARAM POR TRAUMAS, DEPRESSÃO, LUTO, RISCO DE VIDA,
ABUSO, OU OUTRO SOFRIMENTO QUALQUER. O OBJETIVO É QUE ATRAVÉS DE HISTÓRIAS INSPIRADORAS DE PESSOAS COMUNS QUE VENCERAM ADVERSIDADES, OUTRAS MULHERES POSSAM OLHAR PARA SUA PRÓPRIA DOR E ENTENDER QUE EXISTE UMA LUZ NO FUNDO DO TÚNEL. O PROJETO TAMBÉM TEM COMO MISSÃO, OFERECER APOIO À ESTAS MULHERES QUE RELATAM SUAS HISTÓRIAS ATRAVÉS DE TERAPIA, TRATAMENTO HOLÍSTICO, COACHING E MENTORIA PARA QUE CONTINUEM NA SUA JORNADA.