Não se aceite como você é! Mas é isso mesmo? Sim, é! Quantas vezes você já ouviu a frase “você precisa se aceitar para que mundo também se aceite” ou “você não arruma um namorado porque você não se aceita” e “se valorize mais! Vc é linda do jeito que é”.
Existe aquele velha expressão que fala sobre as mentiras que o povo conta. Essa é uma delas.
Talvez há décadas isso realmente fosse algo necessário e comum. Não existiam recursos disponíveis para você se tornar quem você quer ser ou mudar o que você não gosta.
E não me refiro a um nariz grande ou aquele bumbum que já não olha para o céu. Antes a gente não sabia como vencer a timidez, caso essa seja sua situação a pensar (mas pensa mesmo, tá? Pois as pessoas mais analíticas são as mais tímidas e que fizeram e fazem parte da construção do que chamamos de mundo e que fizeram com muita responsabilidade), inseguro ou com a dicção falha.
Com certeza quando você estava na escola havia uma criança que sofria de gagueira ou que vivia chorando porque sempre era preconceituosamente maltratada pelos coleguinhas, e o que se fazia na época? Nada. Apenas se aceita como se era.
Hoje, num mundo que nos estimula a ser padrão de algo que nem sabemos o que é e aonde irá nos levar, há também muitas possibilidades atrativas e podem sim, nos ajudar a sermos que nos quisermos.
Se aceitar não é algo que você deveria praticar ou engolir como parte da sua vida. Se aceitar é o mesmo que dizer que tem medo de mudar, mesmo infeliz.
Quando a gente evoluiu com o tempo, se torna mais maduro e mais claro em nossas opções, o termo “se aceitar” acaba sendo um limitante e uma situação que nos faz mal. Pode ser que não hoje ou amanhã, mas te fará mal.
Por quê? Pois justamente quando você somente aceita você diz a você mesma que você é aquilo que dizem, que apontam ou que você mesma não gosta de ver refletindo no espelho ou no brilho dos seus olhos.
Tudo bem, você tem o direito de se aceitar exatamente como você é. Desde que você saiba quem você é e esteja feliz dessa maneira. A maneira que você escolheu e não a maneira que escolheram para você.
Mas, se posso, quero te sugerir algo: se conheça antes de simplesmente se aceitar.
Quando você entende o que você quer e o que você não quer, você cria mecanismos mentais que te apoiarão a se sentir feliz, plena e literalmente linda.
E essa linda não é pela cor do seu cabelo, e sim pela escolha que você fez em optar em ser o que você sempre desejou.
Se você deseja mudar algo em você, fisicamente, mude! Te garanto desde já que vai ser dolorido, complicado e que talvez você até caia em lágrimas. Mas também quero te dizer que isso faz parte da mudança.
Esse exemplo que dei foi da mudança externa, o que viu no espelho e não gostou. Mas além disso, e muito mais importante que isso, é você ser a identidade que sempre quis.
O medo nos trava, nos limita, nos mata lentamente. O medo, quando não usado a nosso favor (e isso te conto em outro momento) pode nos fazer adoecer, ele nos desrespeita e ainda faz com que deixemos de ser nós mesmos.
Claro, não estou dizendo para você deixar o medo de lado e rir na cara do bandido na rua mais perigosa da sua cidade. Eu quero te propor a rir do medo que há dentro de você, que existe há anos e está te corroendo todos os dias.
O medo faz parte da nossa identidade, mas ele não pode definir a nossa identidade.
Se você é bem-humorada, gargalhe.
Se você gosta de roupas coloridas, use.
Se você gosta de meninas, seja uma menina que gosta de meninas.
Se você não gosta de um trabalho, planeje e saia.
Se você não gosta do seu corpo, foque no quer você quer atingir de resultados e manda bala.
Se você errou na profissão, dê um passo para trás e se permita fazer as pazes com a sua felicidade.
E não somente isso, se você não aceita a falta de colágeno no seu rosto ou o excesso de gostosura que pra você é excesso de ódio, emagreça.
Lembra que eu te disse: toda mudança dói. Sempre irá doer.
Porém, se você se conhecer bem, saber o que quer e o quer não quer para você e em você, essa dor não vai existir para o resto da sua vida.
Ela será apenas uma anestesia para que você possa se recolher, pensar e se “Reapresentar” a você mesma.
Afinal, há coisa melhor do que você se apresentar como exatamente você é? E esse “exatamente como se é” não é o que você simplesmente aceita e sim o que você se esforça todos os dias para se tornar e ser o que você deseja.
Há presente e dádiva melhor que a possibilidade de você poder escolher quem você quer ser todos os dias?
Escolha você. Não aceite você. Conheça você. Não fuja de você.
E só um segredo: você pode ser alguém diferente todos os dias! Sempre que você quiser. A sua identidade te permite ser isso ou aquilo, o que as pessoas criticam ou elogiam. E isso simplesmente pelo fato de você conhecer exatamente quem você é e aprender que a sua saúde mental, seu bem-estar e sua vida não precisam de ouvidos de ninguém ou olhos de alguém para ser vivida.
Você já parou para pensar que entre mais 7.7 bilhões de pessoas no mundo você foi agradecida em ser única, em ser você, com todo seu jeitão só seu e com a cara que você quiser?
Aproveite a oportunidade diária que você tem de se conhecer, aprender sobre você e viver o que você escolheu para sua vida. Todos, literalmente, todos podem e vão falar sobre o que pode e o que não pode, mas o que pode na verdade é a gente se escolher todos os dias.
Você, você, você. E para não esquecer novamente: o foco é você.
Não se aceite como você é, antes de saber quem você é.
E aí? Quem você quer hojê?
Fábio Lustosa é jornalista, escritor, palestrante e especialista em comportamento humano. Tem pós graduação em Marketing Digital e Transtornos Mentais, Psicológicos e Inteligência emocional, Lustosa traz uma perspectiva única para o campo.
@fabiolustosareal