A ATRIZ FALA SOBRE “ESTRANHO AMOR”, A SÉRIE DA RECORD TV QUE ABORDARÁ A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.

Ela é uma das protagonistas da nova série brasileira “Estranho Amor”, que está sendo produzida pela Record TV em parceria com a Sony e a Visom Digital, e que deve estrear até o início de 2024. Estamos falando da atriz Juliana Silveira, 43 anos, uma das estrelas da mais recente produção da emissora e que abordará um tema forte e bastante combatido atualmente, a violência contra a mulher.

Juliana e o ator Adriano Garib formarão um casal num dos episódios da série, cujo enredo aborda um conflito vivido por ambos quando o assunto é ter filhos. O personagem de Garib deseja a paternidade, enquanto a esposa não pretender ser mãe, e isso irá ocasionar um sério problema entre eles.

Para a atriz, a série deve trazer à tona um assunto que precisa ser abordado e discutido nos dias de hoje, e do qual o Brasil é um dos campeões de ocorrências. “Eu acho que a série traz um tema atual e necessário. O Brasil bateu recorde em feminicídio no ano passado. Uma mulher é morta a cada 6 horas, só pelo fato de ser mulher. Portanto, é preciso conscientizar o público, mostrar essas histórias baseadas em fatos, para que o tema seja discutido, para que mulheres em situação de abuso e violência criem coragem para buscar ajuda” – diz. E ela vai mais além, pois espera que “Estranho Amor” promova mudanças. “Eu espero que a série atue como um agente de mudança, jogando luz para um tema que muitas vezes é evitado. O problema é estrutural, vivemos em uma sociedade patriarcal e machista, onde a agressão e os comportamentos violentos são validados como coisa de homem” – enfatiza.

Juliana Silveira tem uma trajetória de sucesso na TV. Ela começou a carreira como assistente de palco da apresentadora Angélica, e isso trouxe a oportunidade para a atriz fazer um teste na Oficina de Atores da Rede Globo. Terminando o curso, ela ganhou o seu primeiro papel no remake da novela “Pecado Capital”, em 1998. Em 2001, ela foi destaque na nona temporada da série “Malhação”. Daí vieram outros trabalhos, mas também alguns cursos e a artista resolveu cursar a faculdade de Publicidade. Um outro grande sucesso de Juliana, em 2005, foi na novela “Floribella”, da Band TV, onde ela foi a protagonista e se lançou como cantora. No mesmo ano, surgiu o seu primeiro trabalho musical, a trilha sonora da novela, pela Universal Music. Apesar disso, não houve uma continuação neste segmento e a empreitada musical ficou adormecida, conforme ela mesmo nos conta durante a entrevista.

Na vida pessoal, Juliana está casada com o designer João Vergara e ambos têm um filho, Bento, de 12 anos.

Acompanhe a seguir a entrevista de Juliana Silveira para a Linha Aberta.

LINHA ABERTA – A série “Estranho Amor” abordará um tema bastante falado e combatido nos dias de hoje, a violência contra a mulher. Qual a sua opinião sobre a série e como será o seu papel?

JULIANA SILVEIRA – Eu acho que a série traz um tema atual e necessário. O Brasil bateu recorde em feminicídio no ano passado. Uma mulher é morta a cada 6 horas, só pelo fato de ser mulher. Portanto, é preciso conscientizar o público, mostrar essas histórias baseadas em fatos, para que o tema seja discutido, para que mulheres em situação de abuso e violência criem coragem para buscar ajuda. Eu espero que a série atue como um agente de mudança, jogando luz para um tema que muitas vezes é evitado. O problema é estrutural, vivemos em uma sociedade patriarcal e machista, onde a agressão e os comportamentos violentos são validados como coisa de homem. Muitas mulheres aceitam porque acham que a mulher precisa estar nesse lugar de submissão. A minha personagem nunca quis ser mãe e isso nunca foi uma questão no casamento, até a hora que o marido, vivido pelo ator Adriano Garib, resolve mudar de ideia e não aceita mais a decisão da mulher. Isso vai afastando o casal e gerando conflitos, até o momento em que o marido resolve tomar uma atitude radical e que vai levar a uma tragédia. Eu não posso dar mais informações senão vai rolar spoiler. A série carrega dor, tristeza, decepção e morte. É difícil ser uma mulher respeitada e acolhida no Brasil. O que deveria ser regra é a exceção. Toda mulher tem um caso de abuso ou violência em sua história, mas às vezes a pessoa não tem nem consciência disso. Eu espero que a série seja um farol, que provoque essa reflexão para que homens e mulheres reconheçam os seus comportamentos tóxicos e possam, a partir daí, começar a cura para uma vida de harmonia e felicidade, que todos nós merecemos.

LINHA ABERTA – Como você vê a TV na atualidade? Existem mais oportunidades para os atores com os streamings?

JULIANA SILVEIRA – É complicado fazer uma análise. Eu não gosto de ser nostálgica, mas acho que ainda existem coisas para serem pensadas e discutidas nesse novo formato onde não existe mais banco de elenco ou contrato longo. Eu acredito que o público foi formado vendo aquelas pessoas na televisão e esperam encontrá-las nesse lugar. Existem muitos produtos disponíveis e a audiência acaba diluída. Como artista, eu tenho vontade de experimentar novas linguagens, ter novas experiências, conhecer novos diretores e autores. Pode ser que em algum momento o mercado aqueça e os trabalhos sejam seguidos, o que pode trazer uma estabilidade financeira. Eu estou amando fazer séries, as personagens são bem construídas e densas. Eu tive a oportunidade de fazer comédia em 2020, mas sinto falta das novelas. Em 2024, eu estarei de volta para a TV.

LINHA ABERTA – Qual a sua opinião sobre as redes sociais para a carreira do artista? Elas mais ajudam ou atrapalham? Como você lida com as suas e com os haters?

JULIANA SILVEIRA – Se a rede social for usada da maneira correta ela ajuda. Você precisa ser um artista com perfil empreendedor, precisa produzir seus conteúdos, se você tiver uma peça em cartaz é ótimo ter esse contato direto com o seu público, tanto para um feedback, quanto para a venda de ingressos. Mas, cada artista tem um jeito e um ritmo de postagem e de relação com as redes. Eu acredito que não se comparar com os outros já é meio caminho para o sucesso. Fazer de forma orgânica e verdadeira, sendo fiel ao que você gosta, também é um bom caminho. Eu gosto de divulgar os meus trabalhos, mas também compartilho dicas de viagens ou tratamentos que estou fazendo, pois gosto de criar uma relação mais intensa nesse sentido. A minha conta nas redes não é só sobre trabalho. Aos poucos, eu fui compreendendo o poder e a força das redes e descobrindo como poderia mostrar um pouco mais da minha rotina, das coisas que eu acredito e, assim, ir criando uma conexão positiva e verdadeira com aquelas pessoas. Eu faço amizades e acompanho a vida dos meus seguidores, eles torcem por mim e eu torço por eles. Eu exercito a minha criatividade, consigo mostrar o meu lado engraçado, compartilho momentos em família, são várias facetas: a Juliana mãe, amiga, mulher, profissional, os meus desafios, as dificuldades, as decepções… Isso tudo nos humaniza e gera identificação imediata.

LINHA ABERTA – Você está casada há bastante tempo com o João Vergara, com quem tem um filho de 12 anos, o Bento? Como consegue conciliar a vida profissional e pessoal?

JULIANA SILVEIRA – Eu não me proponho a ser perfeita em todos os papéis que desempenho e isso já me ajuda bastante. Eu não tenho grandes expectativas, faço o meu melhor e o que é possível naquele momento. O meu limite é sempre a minha saúde. Se eu sinto que preciso de um tempo só para mim, não sinto culpa. Acho que quando o Bento era menor e precisava mais de mim, da minha presença física mesmo, de colo, banho, etc. foi mais desafiador. Agora ele já é um pré-adolescente, que graças a Deus gosta de conversar, é independente e saudável emocionalmente, o que já me deixa bem tranquila. Quando eu preciso de um tempo sozinha para encontrar o meu equilíbrio, gosto de estar com as minhas amigas e sempre organizo um tempo só meu e do João, para a gente namorar. Já o trabalho é o mais fácil, porque trabalhamos com prazos: tem data para começar e acabar, tem roteiro e não existe nada que uma agenda organizada não resolva.

LINHA ABERTA – Quais são os seus cuidados com a saúde e a beleza?

JULIANA SILVEIRA – Eu sou disciplinada, sem neurose. Tomo as minhas vitaminas todos os dias, gosto de malhar, fazer a minha aula de Velocity. É importante colocar o corpo em movimento, pois melhora o meu humor, equilibra as minhas emoções e ajuda na estética. Depois dos 35 anos, eu passei a amar os lasers, portanto não deixo o meu ritual de skincare de lado, vou pelo menos duas vezes por ano à minha dermatologista, a Dra. Bárbara Corrêa. Eu sinto prazer em cuidar da pele, beber muita água, fazer escolhas saborosas e saudáveis na hora de me alimentar. Mas, eu também me permito comer aquela pizza em família, tomar o meu vinho com os amigos e sair um pouco da rotina. Tudo o que você reconhece como algo que irá te fazer feliz deve ser considerado.

LINHA ABERTA -Além de atriz, você também já fez algumas aparições como cantora nas novelas Floribella e Luz do Sol. Como está esse seu lado musical atualmente?

JULIANA SILVEIRA – Está adormecido. Eu sempre desenvolvo habilidades em função das minhas personagens. Eu sou afinada, mas preciso de treino e das aulas de canto para me sentir segura. Eu amo as músicas do repertório de Floribella, são canções muito especiais. Eu fiz uma Live no Tiktok, recentemente, para 115 mil pessoas e foi um sucesso! Eu amei a experiência, pois sou uma atriz que pode cantar. Porém, eu tenho consciência das minhas limitações vocais e sei que o mercado da música é extremamente difícil. Se pintar alguma oportunidade legal, algum convite para cantar, é claro que eu posso considerar e fazer, afinal eu gosto de desafios.

LINHA ABERTA – Você já pensou em tentar a carreira em outro país, como Portugal ou Estados Unidos? Já recebeu algum convite?

JULIANA SILVEIRA – Eu nunca pensei, mas não faço planos para o futuro. Eu tenho amigos que foram para Portugal, neste ano, para trabalhar. Então, se acontecer um convite legal, é claro que eu iria. Seria uma experiência sensacional! Eu já fiz testes para filmes em inglês, passei até para o call back, mas não rolou. Na minha opinião, o que precisa acontecer tem muita força. Portanto, eu gosto de deixar as portas abertas para todas as possibilidades.

LINHA ABERTA – A novela Floribella foi um grande sucesso, uma das campeãs de audiência da Band TV. Na sua opinião, ela foi o papel mais importante da sua carreira, que lhe deu maior projeção?

JULIANA SILVEIRA – A novela foi um projeto muito diferente do que estamos acostumados a ver aqui no Brasil. A personagem tem uma magia, que eu acho vir muito da música. Quando eu estava vivendo aquela experiência, sabia que seria algo difícil de acontecer novamente naquele formato. A personagem saiu da novela e ocupou outros espaços…foi parar no teatro, nas rádios, nas livrarias, lojas de brinquedo, nas roupas e nos tênis.Eu virei até boneca! A Floribella vive na memória afetiva de uma geração e isso me enche de alegria e gratidão. Fazer parte da história das pessoas por meio dos meus personagens é o meu maior sucesso e a minha maior sorte também. Eu tenho consciência disso.

LINHA ABERTA – Quais são os seus próximos projetos?

JULIANA SILVEIRA – Nesse segundo semestre vamos lançar um projeto para as redes sociais. Será um conteúdo de turismo com as amigas. Eu estou ansiosa para poder falar mais sobre o formato.


TEXTO DE ALETHÉA MANTOVANI – @ALETHEAMANTOVANI