A ATRIZ FALA SOBRE A PARTICIPAÇÃO NO INFFINITO BRAZILIAN FILM FESTIVAL, FAKE NEWS E NOVOS PROJETOS.

Ela ficou conhecida por protagonizar papéis importantes da teledramaturgia brasileira, personagens que levaram o público a discussões polêmicas. Hoje está no elenco da peça “Cordel do Amor Sem Fim”, que acabou virando filme e está no “Inffinito Brazilian Film Festival” deste ano. Estamos falando da atriz Helena Ranaldi, 57 anos, uma profissional multifacetada, pois além de atuar no teatro, no cinema e na TV, agora também é produtora e roteirista auxiliar do marido Daniel Alvim.

Helena começou a carreira no teatro, com o diretor Antunes Filho, e depois foi se destacando na teledramaturgia, em novelas da extinta TV Manchete e outras de grande sucesso na TV Globo. Ela era uma das pupilas do autor Manoel Carlos, o Maneco, e foi em uma novela dele que a estrela viveu uma das personagens de maior destaque da sua carreira, a Raquel de “Mulheres Apaixonadas”, que sofria com a violência doméstica. Esse papel foi de grande repercussão e fez a sociedade brasileira repensar o tema, até então não muito discutido na TV e, principalmente, em horário nobre. “Eu acredito que essa foi uma das primeiras personagens em uma novela a retratar essa questão e da forma como foi apresentada. O fato de ser uma personagem de classe média mexeu muito com as pessoas, que lembram dela até hoje” – conta a atriz.

Atualmente, ela está em cartaz com a peça “Cordel do Amor Sem Fim”, que também virou filme e foi indicado ao “Inffinito Brazilian Film Festival”, que acontece desde agosto e irá até setembro, em mostras nas cidades de Nova Iorque e Miami. “Nós estamos muito felizes com essa possibilidade de levar o filme para terras americanas. E a nossa proposta é justamente essa, poder mostrá-lo para o máximo de pessoas possível” – diz.

Ao ser questionada sobre o papel das redes sociais hoje, Helena Ranaldi afirma que elas são importantes para divulgar os trabalhos que está fazendo no momento, para ter um retorno do público e até saber o que as pessoas querem. “As redes sociais são importantes, pois a tecnologia veio para facilitar muitas coisas. Profissionalmente, elas nos ajudam bastante porque são uma forma para mostrarmos um trabalho, convidarmos as pessoas para assistirem determinado espetáculo ou filme, ou mesmo para elas saberem onde nos encontrar. Então, eu acho elas podem ser utilizadas de uma forma muito positiva. A gente tem essas vantagens de ter acesso às informações de uma forma muito rápida e completa, além de economizar tempo. É claro que elas têm os pontos negativos também e eu falo porque sou de uma geração que viveu antes dessa tecnologia, pois não existia nem celular” – comenta.

E quando o assunto são as fake news, a atriz relembra que precisou, recentemente, desmentir uma notícia que saiu num jornal carioca, na qual dizia que ela havia herdado um sítio dos seus pais e que estaria morando por lá. “Eu achei importante desmentir isso porque as pessoas acreditam naquilo que elas leem, principalmente aquelas que não estão acostumadas a serem entrevistadas” – destaca. E a atriz vai mais além… “Eu acho lamentável essa forma de funcionar de alguns veículos de comunicação, e o pior é que outros acabam replicando aquela notícia mentirosa” – enfatiza.

Na vida pessoal, Helena está casada desde 2015 com o ator, produtor e diretor Daniel Alvim, com quem também compartilha a vida profissional. Do seu relacionamento anterior com Ricardo Waddington, ela teve o filho Pedro Waddington, 25 anos, que também decidiu seguir os passos da mãe, ou seja, a carreira de ator.
Acompanhe a entrevista que Helena Ranaldi concedeu à Linha Aberta Magazine.

LINHA ABERTA – Você está no elenco de “Cor – del do Amor Sem Fim”, uma peça de teatro que iniciou a temporada há quatro anos, está de volta, tem uma versão no formato de longa-metragem e concorrerá ao Inffinito Brazilian Film Festival que acontece aqui nos Estados Unidos. Como está sendo a sua experiência como roteirista ao lado do seu marido, Daniel Alvin, e qual a importância de participar de um evento em terras americanas?

HELENA RANALDI – A peça “Cordel do Amor Sem Fim” tem uma trajetória que eu considero muito importante e bonita, porque em 2017 nós fizemos a primeira leitura desse espetáculo, em 2018 uma segunda. Nós estreamos em 2019 e, depois dessa temporada, fomos convidados a fazer outra. Logo depois, nós viajamos com esse espetáculo pela APAA (Associação Paulista dos Amigos da Arte) da Secretaria de Cultura de São Paulo, e em seguida inauguramos um formato de espetáculo transmitido ao vivo, na época da pandemia, e viajamos com ele também. Recentemente, nós recebemos o convite para uma temporada em São Paulo. Então, eu considero uma trajetória muito bonita de um espetáculo que está aí ativo há quatro anos. E diante disso, como tivemos um retorno muito positivo do público e da crítica, a gente pensou na possibilidade de transformar esse texto teatral para o cinema. Então, nos inscrevemos no PROA e fomos contemplados. Ficamos muito felizes, mas ao mesmo tempo um pouco apreensivos por se tratar de um orçamento muito baixo. Porém, nós conseguimos realizar o filme. Foram dois anos de muito trabalho e acúmulo de funções. O texto original e a dramaturgia são da Cláudia Barral, mas o roteiro é do Daniel Alvim. Eu fiz uma pequena colaboração no roteiro, escrevi poucas cenas, além disso eu me dividi em outras várias funções dentro de todo o processo de trabalho, além de atuar como atriz também. Então, foram dois anos de trabalho intenso, mas nós tivemos um resultado bonito, que conversa muito com a proposta do texto, que fala sobre amor, esperança e tem uma poesia que acompanha toda essa história. Nós começamos a inscrever esse filme, recentemente, em alguns festivais e fomos selecionados para participar da Mostra Panorama e da 27ª edição do Inffinito Brazilian Film Festival. Então, nós estamos muito felizes com essa possibilidade de levar o filme para terras americanas. E a nossa proposta é justamente essa, poder mostrá-lo para o máximo de pessoas possível. Depois iremos lançá-lo em São Paulo, além de levá-lo para aonde a gente conseguir. Então, eu e o Daniel nos sentimos muito felizes por sermos os produtores desse filme, de participar desse festival e poder levá-lo para as pessoas conhecerem essa história.

LINHA ABERTA – Qual a sua opinião sobre as redes sociais? Qual a importância que elas têm para você e para a carreira dos artistas? Elas mais ajudam ou atrapalham?

HELENA RANALDI – Eu acho que as redes sociais são importantes, pois a tecnologia veio para facilitar muitas coisas. É claro que tem os pontos negativos e eu falo porque sou de uma geração que viveu antes dessa tecnologia, quando não existia nem celular. Agora, a gente tem essas vantagens de ter acesso à informação de uma forma muito rápida e completa, além de economizar tempo. Então, eu acho que, profissionalmente, as redes sociais nos ajudam bastante porque são uma forma para mostrarmos um trabalho, convidarmos as pessoas para assistir determinado espetáculo ou filme, ou ficarem sabendo o que nós estamos fazendo e onde nos encontrar. Portanto, nesse sentido elas são muito importantes e podem ser utilizadas de uma forma muito positiva. Existem pessoas que escolhem usá-las para determinados fins e outras para outros. Pelas redes sociais eu recebo muitas mensagens de pessoas de outros estados, que solicitam e manifestam o desejo de assistir tal espetáculo, por exemplo. Então, eu acho que isso é bacana e a gente tem um retorno positivo.

LINHA ABERTA – Quais foram os fatos mais relevantes da sua trajetória como atriz profissional?

HELENA RANALDI – A minha trajetória profissional teve início no teatro, com o diretor Antunes Filho. Foram dois anos de convivência, onde eu aprendi muito e considero que foi uma grande escola. Por lá tínhamos aulas de canto, voz, expressão corporal, dança etc. Estar ao lado de um diretor como o Antunes foi o maior dos aprendizados. Depois, eu tive a minha estreia profissional na TV Manchete, onde participei de duas novelas e, em seguida, fui convidada para ir à Rede Globo, onde trabalhei durante 23 anos. Nesse período eu fiz alguns trabalhos no teatro, mas naquele momento o foco era a TV. Em 2015, quando eu fui para São Paulo, retornei ao teatro e comecei a produzir. Ultimamente, eu tenho me dedicado ao longa-metragem “Cordel do Amor Sem Fim”, que é a minha primeira produção no cinema.

LINHA ABERTA – Você fez personagens importantes para a teledramaturgia brasileira, alguns bastante polêmicos e que suscitaram temas pertinentes a serem discutidos. Qual foi o mais marcante para você?

HELENA RANALDI – Eu acredito que a personagem mais marcante em televisão foi a Raquel, de “Mulheres Apaixonadas”. A novela inclusive está sendo reprisada agora, no “Vale a Pena Ver de Novo”, da TV Globo. Eu acho que o papel foi muito marcante por ela sofrer violência doméstica. Eu acredito que essa foi uma das primeiras personagens em uma novela a retratar essa questão e da forma como foi apresentada. O fato de ser uma personagem de classe média mexeu muito com as pessoas, pois elas lembram até hoje. Outra personagem que eu fiz, a Lucia Helena, da série “Presença de Anita”, também foi muito marcante para mim, pois eu tive a possibilidade de criar um desenho emocional dela, por se tratar de uma obra fechada.

LINHA ABERTA – Recentemente você foi vítima de uma fake news vinda de um jornal carioca e precisou fazer esclarecimentos na sua rede social. Como você vê essa prática de alguns veículos de comunicação atualmente?

HELENA RANALDI – Sim, recentemente eu desmenti algumas coisas que falaram em uma matéria, sobre eu estar morando num sítio e o ter herdado dos meus pais, coisa que não é verdade. Também colocaram várias fotos que eu tirei durante anos, que estão no meu Instagram, e disseram ser do meu sítio. Eu tenho um sítio, mas eu não moro nele e também não foi herdado dos meus pais. Eu achei importante desmentir isso porque as pessoas acreditam naquilo que elas leem, principalmente as pessoas que não estão acostumadas a ser entrevistadas. Não é a primeira vez que isso acontece, ocorre em várias matérias que você não dá e falam sobre você ou, às vezes, até quando você concede a entrevista, mas quando lê, vê que não falou determinada coisa. Então, como eu estou acostumada a passar por isso, tenho muito cuidado quando leio as coisas, pois não costumo acreditar logo de cara, afinal muitas delas não são verdadeiras. Eu acho que há mais profissionalismo quando uma pessoa, que tem interesse em escrever sobre você, entra em contato para poder fazer uma matéria. Eu acho lamentável essa forma de funcionar de alguns veículos de comunicação, e pior é que muitos outros acabam replicando aquela notícia mentirosa, que logo se espalha por várias revistas e sites. Eu sou de uma época em que os fotógrafos se apresentavam para a gente na rua e falavam “Eu sou de tal revista… Posso fazer uma foto com você?”. E daí a gente fazia. Hoje em dia, nós nos deparamos com paparazzi, então somos fotografados de uma forma que nem sabemos qual é, e muitas vezes o que se escreve na foto não condiz com a realidade. Então, isso é triste! Eu não estou generalizando, pois acho que muitas matérias são escritas de uma maneira muito eficiente, correta e com qualidade. Porém, alguns veículos, infelizmente, não costumam trabalhar dessa forma.

LINHA ABERTA – Você ficou conhecida por seus papéis na TV, mas já fez vários trabalhos no teatro. Conte-nos um pouco sobre a sua vivência com o tablado.

HELENA RANALDI – O teatro foi onde eu comecei a minha carreira, foi a minha escola. Durante um longo período, eu fiz muitos trabalhos na TV e, desde 2015, retornei ao teatro com uma frequência maior e mais intensa. Eu comecei a produzir peças e, quando a gente produz, a dimensão sobre o teatro se amplia, toda dificuldade e as superações são recompensadas. É uma sensação de dever cumprido e de realização. Eu tenho uma relação de muito prazer e paixão com o teatro, pois é o lugar que mais gosto de estar nesse meu momento profissional.

LINHA ABERTA – Você é casada com o ator e diretor Daniel Alvim, com quem também compartilha a vida profissional. Tem um filho, o Pedro Waddington, do seu relacionamento anterior com o diretor Ricardo Waddington. Como você faz para conciliar a vida pessoal com o seu trabalho?

HELENA RANALDI – Eu sempre consegui conciliar muito bem o meu trabalho com a minha relação familiar. Na ocasião que eu tive o meu filho, fiquei um tempo sem trabalhar para poder estar perto dele, principalmente durante o seu primeiro ano de vida. Eu lembro quando ele era pequeno, às vezes ele falava: “Mãe, eu não gosto quando você vai trabalhar!”. E eu respondia: “Filho, o trabalho é um lugar que me deixa muito feliz, e é importante eu estar feliz porque isso faz muita diferença na nossa relação”. E é isso que eu acredito, pois acho que o trabalho é um dos lugares onde eu me sinto realizada. Eu só consigo estar bem e me relacionar bem, quando me sinto completa de alguma forma. Atualmente, eu tenho trabalhado com o meu marido Daniel Alvim, nós produzimos um filme recentemente e peças de teatro. A nossa relação é muito boa no trabalho, pois a gente consegue conciliar muito bem esses dois papéis, o profissional e o pessoal.

LINHA ABERTA – Qual é o balanço que você faz da sua carreira até o momento? Você se considera uma pessoa realizada?

HELENA RANALDI – Eu estou muito feliz com as minhas conquistas e sempre soube que sou uma pessoa privilegiada, pois consigo trabalhar na profissão que escolhi para mim. Eu consegui realizar bons trabalhos durante a minha carreira e continuo trabalhando com o que gosto, o que acho muito importante, pois nem todas as pessoas conseguem, infelizmente. Eu me considero uma pessoa muito realizada, não só por isso, mas também pela minha vida pessoal, pelas pessoas com quem eu troco afeto e amizade, pela minha família, pelo meu filho, que é um rapaz pelo qual eu tenho uma grande admiração.

LINHA ABERTA – Quais são os seus próximos projetos?

HELENA RANALDI: Um projeto atual será o lançamento do nosso longa-metragem, que já está em dois festivais. Foi um trabalho de muita dedicação, pois nós conseguimos fazer esse filme com uma verba muito pequena, o que indica dificuldade. Nós tivemos também uma equipe reduzida, o acúmulo de funções e foi um período de muito trabalho, mas de muita realização também. Então, o projeto futuro é esse que está pronto, mas que será apresentado, provavelmente, no próximo ano. É um projeto meu e do Daniel. A direção é dele e a produção é nossa, minha e dele. Eu atuo no filme também e, enfim, tem a nossa parceria mais uma vez, mas agora no cinema. Existe uma grande expectativa da nossa parte sobre a maneira como o público vai receber essa história, que é bonita, que fala de amor e de esperança. O texto original é da Cláudia Barral e o roteiro é do Daniel, com a minha colaboração.


TEXTO DE ALETHÉA MANTOVANI – @ALETHEAMANTOVANI / FOTOS: @TRUMPAS