Paciência? Sentimento extremamente necessário, mas que, muitas vezes, temos dificuldade em lidar com ele. Em um mundo em que muitas coisas estão à mão, onde encomendas chegam no mesmo dia em que são feitas, deliveries de comida atendem 24 horas ao dia, músicas e filmes estão disponíveis a qualquer momento e até aplicativos permitem encontros sem o “esforço” da conquista – parece que o ato de esperar virou sinônimo de perder tempo.

Porém, uma coisa é certa: o ritmo do mundo não é o nosso: cada coisa tem um tempo certo de acontecer.

É preciso saber aproveitar o que já está ao nosso alcance, em vez de alimentar frustrações por tudo que não é exatamente como desejamos ou não ocorre no tempo que gostaríamos.

Para muita gente é difícil evitar essa pressa nociva e aceitar os incômodos de um resultado que ainda veio, seja uma resposta, uma mudança, uma recompensa, uma promoção ou um aprendizado.

Ser paciente não é o mesmo que ser passivo; ser paciente, na verdade, é agir sabendo que os frutos das ações podem levar algum tempo para aparecerem. Plantar e colher são, necessariamente, ações que acontecem em tempos diferentes.

Isso envolve saber esperar, sem forçar um resultado, fazendo reflexões e ponderações de forma ativa, mas tendo respeito pelo processo de maturação de cada coisa, ciente inclusive, de que esse percurso pode envolver erros e decisões indesejadas.

Não podemos querer controlar tudo e todos. Ter mais paciência requer uma visão empática do mundo, que considere não só nossos desejos, mas também a realidade e as limitações daquilo e daqueles que nos cercam.

É preciso desenvolver essa consciência para absorver e trilhar uma jornada de autoconhecimento que nos leva a agir de forma mais serena e tolerante frente às dificuldades e desafios, inclusive no gerenciamento do tempo, das expectativas e das frustrações.

Pessoas mais pacientes costumam ser mais respeitosas, maduras e menos frustradas.

Sem abrir mão das modernidades que aceleram o que é bom, ser paciente é uma virtude que nos permite viver melhor, entendendo que nem tudo acontece – nem deveria acontecer – exatamente quando desejamos.

Reflita sobre esses pontos e faça uma avaliação honesta do quão paciente você tem sido, ou não tem sido, com as coisas que lhe acontecem.


[Dra. Andrea Ladislau é Psicanalista, Doutora em Psicanálise e membro da Academia Fluminense de Letras – cadeira de numero 15 de Ciências Sociais. É  especialista em saúde mental e comportamental. Instagram @dra.andrealadislau]