De Eduardo Prugner
@eduardoprugner
Dos 70 aos 75. Era uma vez uma festa de aniversário de 70 anos… Um sonho sendo realizado, após minucioso planejamento, com muitos detalhes. Seria uma reunião de amigos, família e filhos que outrora distantes, se fizeram presentes. Um castelo de contos de fadas que transformaram o parabéns num sorriso estampando com ares juvenis.
ATRASANDO O RELÓGIO…
A cortina cai! O sonho acabou e a realidade se mostra indócil. Não há mais planejamento e nem sonhos. O tempo de dias que parecem eternidade numa cadeira, um ser solitário, sentado sem visão, sem esperança. Lágrimas…
O espelho começa a ser cruel e o peso dos tempos comporta-se como um algoz. Abre uma cratera e a vida e a morte estão numa tênue linha de um passado venturoso e de um tempo sem futuro.
Dias correm e a linha vai afinando-se. Surge a mão de um amigo, o romper é postergado. Mas o cenário é o mesmo… As consequências se misturam entre o irreal, inimaginável e a derrocada de tudo que havia sido construído.
A LUZ NO FIM DO TÚNEL
Por um convite para visitar a Flórida e passar o aniversário junto aos outros filhos, renasce uma esperança. Quando há esperança, surgem sonhos e dessa forma é desenhado um novo planejamento. Num breve retorno ao local de origem e então novamente preparações, detalhes e formulações para concretizar os novos horizontes.
Seis meses após, a caminho de 72 anos, a bordo de uma aeronave, destino: Flórida. Contatos são feitos, orçamentos e projetos são elaborados…O tempo corre e nenhuma efetivação. Empecilhos ocorrem: língua, documentação e outros menores que se transformam em grandes barreiras.
Como numa construção mal planejada, paredes começam a ruir e nada mais seria como antes. Passam os anos, 73, 74 e 75. E aos 75 uma nova vida teve que ser refeita, mas distante daquele planejamento inicial. Há sonhos, há projetos sim, mas num outro patamar. Novamente cai a cortina!
PORQUE AS EMPRESAS MORREM
Histórias de pessoas podem ser verdadeiras, mas o que aconteceria a uma empresa com muitos anos no mercado que viesse a repetir o que foi contado? Poucas são as empresas com mais de 50 anos desde sua criação que sobrevivem! Essa é mais uma história: Era uma vez uma empresa que festejou os seus 50 anos…
O empreendimento iniciou suas atividades na década de 1940 numa pequena loja de peças usadas para veículos automotores. Lembrando que a II Guerra não havia terminado e, portanto, era um comércio alentador.
Não demorou muito para abrir mais uma filial e em seguida mais lojas em cidades não muito distantes de sua sede. Posteriormente passou a comprar peças novas, importando-as.
Com a experiência em importação passou a trazer outros produtos de outros países. Já não eram mais só peças de automóveis, agora já tinham artigos para casa, como eletrodomésticos.
A pequena loja onde os negócios haviam começado tornou-se pequena e logo comprou um grande espaço para a sua nova loja. Em função do espaço ampliou a venda de mais produtos. O sucesso foi muito grande e passou a conquistar outros mercados mais distantes. Em menos de 20 anos, de uma pequena loja de autopeças havia se transformado numa rede de lojas de departamentos com uma diversificação de mais de mil itens entre eletrodomésticos, artigos para casa, pesca e náutica, roupas, móveis e utensílios, autopeças e outros produtos.
Ao chegar aos 50 anos de sua criação, contava com quase 200 lojas espalhadas por outros estados. Além das lojas de departamento expandiu as atividades em outros segmentos como financeira, agências de turismo, de publicidade econcessionárias de veículos.
A equipe de administração era formada por alguns funcionários que haviam crescido no grupo, por seus filhos maiores, mas poucos eram os profissionais especializados.
Era um império que não terminaria nunca, mas pouco mais dos 60 anos de atividades, o empresário mor, com a saúde debilitada, somada a crises econômicas e uma guerra familiar entre seus filhos – faltou a “sucessão de seus sucessores” – que não captaram os sonhos do pai, o que levou a uma inevitável concordata.
Além da falta de um novo planejamento, a guerra familiar acirrou agravando a situação econômica do conglomerado. Por fim o falecimento do fundador e fim do conglomerado. Fecham-se as cortinas!