AUTORIDADE MONETÁRIA TAMBÉM AFIRMA QUE INFLAÇÃO ESTÁ MAIS PERSISTENTE DO QUE O ESPERADO E NÃO DESCARTA AUMENTO MAIOR QUE 0,75 PONTO PERCENTUAL NA SELIC EM AGOSTO
A despeito da piora da pandemia do novo coronavírus, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) afirmou que os indicadores mostram que a atividade econômica continua “surpreendendo positivamente”, e que os riscos para a recuperação da economia brasileira em 2021 foram significativamente reduzidos. “Para o Comitê, o segundo semestre do ano deve mostrar uma retomada robusta da atividade, na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente.
O Comitê notou que a mediana das projeções de crescimento, segundo a pesquisa Focus, sofreu revisões significativas e passou a ser mais otimista do que as do seu cenário básico”, informou o colegiado por meio da ata da reunião realizada em junho. Na ocasião, o BC acrescentou 0,75 ponto percentual na Selic e elevou a taxa de juros para 4,25% ao ano.
Segundo o documento, o Copom cogitou fazer um aumento mais robusto na Selic, e não descarta um movimento maior no encontro agendado para os dias 3 e 4 de agosto.
Analistas do mercado financeiro chegaram a prever alta de 1 ponto percentual no último encontro em meio ao avanço da inflação nos últimos meses, levando a taxa para 4,5% ao ano. “Frente à revisão da trajetória de política monetária implícita nas suas projeções, o Comitê avaliou uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários já nesta reunião.
Considerando os diversos cenários alternativos, o Comitê entendeu que a melhor estratégia seria a manutenção do atual ritmo de redução de estímulos, mas destacando a possibilidade de ajuste mais tempestivo na próxima reunião”, informou.
Apesar de “deixar a porta aberta” para um crescimento mais significativo, a autoridade monetária sinalizou que deve fazer um novo acréscimo da mesma proporção pela quarta vez no ano, subindo a Selic para 5% ao ano.
O movimento, porém, vai depender do cenário econômico. “Contudo, uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte relevante pode exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários. O Comitê ressalta que essa avaliação também dependerá da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e de como esses fatores afetam as projeções de inflação.”
Segundo o colegiado, a estratégia de aguardar até o próximo encontro para definir por um aumento maior da Selic leva em conta a possibilidade de ganhar tempo para acumular informações sobre a trajetória da inflação.
O BC também ponderou que a medida “visa esclarecer a distinção entre transparência sobre as projeções condicionais e intenções invariantes de política monetária”. “Desse modo, indicações sobre a trajetória futura dos juros, sejam para a próxima reunião ou para o patamar final, são elementos úteis para a compreensão da função de reação da política monetária.
As informações obtidas no período entre as reuniões do Copom modificam as hipóteses presentes no cenário básico e no balanço de risco, e naturalmente alteram a trajetória futura dos juros.”