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Berlusconi se mantém no governo na Itália

O premiê da Itália, Silvio Berlusconi, venceu nesta terça-feira (14) duas moções de desconfiança na Câmara de Deputados, garantindo assim a sua permanência no poder e evitando uma possível eleição parlamentar antecipada.

As duas moções -uma movida pela esquerda, outra pelos centristas- foram votadas conjuntamente, e Berlusconi teve 314 votos favoráveis e 311 contrários, em um total de 630 votos. Houve duas abstenções.

O premiê da Itália, Silvio Berlusconi toma café nesta terça-feira (14) no Senado, em Roma.
O premiê da Itália, Silvio Berlusconi toma café nesta terça-feira (14) no Senado, em Roma.

Após um debate acirrado, a contagem dos votos foi interrompida brevemente por uma troca de tapas entre deputados de campos rivais.

Mais cedo, o primeiro-ministro havia sido vitorioso em uma moção de apoio no Senado, com 162 a 135 votos, de um total de 308, graças ao apoio da Liga Norte, sua principal aliada.

A moção havia sido proposta pelo próprio governo -no poder desde 2008 e enredado em uma crise política causada por acusações de corrupção e escândalos sexuais- para demonstrar força.

A vitória no Senado era esperada, mas, na Câmara, a situação era imprevisível, e a diferença pequena de votos era esperada por analistas.

Berlusconi segue no poder. Mas, segundo analistas, ele deve continuar enfraquecido e com dificuldade para aprovar legislação de seu interesse, em um momento em que o país e toda a zona do euro enfrentam um momento difícil.

Pier Luigi Bersani, líder do oposicionista Partido Democrata, disse que a vitória de Berlusconi foi uma vitória de Pirro.

Policial é cercado e agredido por manifestantes nesta terça-feira (14) no centro de Roma.
Policial é cercado e agredido por manifestantes nesta terça-feira (14) no centro de Roma.

Policiais da tropa de choque fecharam os acessos ao centro de Roma e entraram em confronto com manifestantes, que atiraram bombinhas de artifício e jogaram tinta contra o Senado e laranjas contra o Ministério da Economia.

Depois de um ano marcado por escândalos de corrupção e sexo, e de um rompimento difícil com seu ex-aliado Gianfranco Fini, o que lhe causou a perda da maioria segura no Parlamento, o premiê, de 74 anos, se vê pelo menos provisoriamente garantido no cargo.

Desde que chegou ao poder pela primeira vez, em 1994, Berlusconi já desafiou os céticos em várias ocasiões, reerguendo-se após uma série de gafes e escândalos, para vencer três eleições e transformar a paisagem política da Itália.

Se Berlusconi tivesse perdido a votação na Câmara dos Deputados, depois de obter uma vitória clara no Senado na terça-feira, teria sido obrigado a renunciar, potencialmente abrindo o caminho para que o presidente, Giorgio Napolitano, negociasse um novo governo ou convocasse eleições antecipadas, mais de dois anos antes da data prevista, em 2013.

O resultado pró-premiê foi assegurado após uma campanha febril de negociações escusas de voto, na qual as acusações de compra de votos e corrupção feitas pela oposição foram respondidas com negações contundentes e contra-acusações de traição.

Com o voto de confiança garantido, a atenção passará agora para as concessões que Berlusconi terá de fazer aos centristas e rebeldes da centro-direita para garantir uma aliança parlamentar de mais longo prazo.

Na segunda-feira, Berlusconi havia oferecido abrir seu governo aos moderados em um pacto eleitoral amplo, mas seus aliados de coalizão da Liga do Norte já expressaram ceticismo.

“Ou há condições para continuar no governo com uma maioria sólida ou será melhor ir para eleições”, disse a jornalistas o ministro do Interior, Roberto Maroni, membro sênior da Liga do Norte.

A votação da terça-feira foi acompanhada de perto pelos mercados financeiros, em estado de alerta devido à crise na zona do euro. Um período de dúvida prolongado poderia chamar a atenção para as finanças públicas da Itália, em situação difícil.

“A incerteza política só será dissipada se houver uma maioria clara”, escreveram analistas do banco italiano UniCredit antes da votação.

A Itália tem uma das maiores dívidas públicas proporcionais do mundo – quase 120% de seu PIB. Mas ela conseguiu até agora escapar da tempestade na zona do euro, graças a controles rígidos dos gastos e a um sistema bancário conservador que evitou os excessos durante o boom do mercado.

Os mercados foram tranquilizados na semana passada, quando o orçamento de 2011 foi aprovado, mas o resultado da votação desta terça-feira não garante a maioria segura desejada pelos investidores, deixando em dúvida o futuro do governo.

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