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Os próximos passos do digital

O assombro de livreiros e editores diante do livro eletrônico diminuiu, mas o melhor caminho a ser seguido continua uma incógnita. Essa foi uma das conclusões da 62.ª Feira de Frankfurt, a maior do mundo do mercado editorial, encerrada o domingo. Segundo um balanço inicial, os ganhos com obras digitais ainda são pequenos, mas certamente virão – resta descobrir em que tempo.

Os números conduzem à dúvida: enquanto nos Estados Unidos o livro eletrônico já ocupa 10% do mercado, na Europa a cifra está por volta dos 2%. “E aqui nem chega a 1%”, comentou Gottfried Honnefelder, presidente da Associação de Editores de Alemanha. Para ele, a diferença é explicada pelas taxas impostas pelo governo. “No território europeu, o e-book ainda é tratado como um produto eletrônico, ao contrário dos Estados Unidos.”

As maiores discussões, portanto, foram travadas sobre a plataforma e não sobre o conteúdo que, afinal, continua o mesmo. Segundo Fionnuala Duggan, diretora do grupo digital da editora Random House, o mercado deverá se dividir entre aqueles que vão apostar em tecnologia de ponta e outros editores, mais conservadores, que preferem produtos eletrônicos parecidos com os livros em papel.

Todos também estarão atentos ao Google Editions, plataforma de livros digitais do maior site de busca do mundo, cujo lançamento ocorre ainda este ano nos Estados Unidos e no início de 2011 na Europa. O temor do mercado é de uma perigosa centralização na detenção do conteúdo, embora o site negue. “Não somos editores nem criadores de conteúdo”, disse à agência EFE Luis Collado, representante espanhol da empresa. “Somos o sócio tecnológico das editoras.”

O entrave está justamente na negociação dos direitos autorais. Durante a Feira de Frankfurt, agentes e editores chegaram a um consenso da necessidade de uma fase de transição. A Randon House, por exemplo, vai pagar royalties a partir de 25% em uma escala crescente até chegar a 40%. Segundo representantes da editora, no início, os contratos deverão ter extensão máxima de 24 meses, tempo suficiente para se acompanhar a evolução dos acontecimentos.

Alheio a essa discussão, mas adepto dos novos formatos, o escritor britânico Ken Follett veio a Frankfurt para fazer o primeiro lançamento de uma obra sua também em e-book. Trata-se do romance histórico Queda de Gigantes (Sextante), primeira parte de uma trilogia que deverá se completar em 2014. “É um novo meio, mas o conteúdo continua igual”, disse Follett, em entrevista coletiva. “Com o e-book, podemos conquistar mais leitores atraídos pela experiência da leitura. Assim, podemos não ter resolvido ainda todos os aspectos econômicos do processo, mas vamos resolver.”

Follett também lançou uma edição de um de seus best-sellers, Os Pilares da Terra, de 1989. Trata-se de um e-book interativo para iPad, iPhone e iPod Touch que traz, além do texto original, aplicativos multimídia, como um diário das filmagens feito pelo autor.

Os escritores, aliás, já buscam um meio de conciliar tecnologia com tradição. A alemã Cornelia Funke, por exemplo, autora de obra infantil, afirmou preferir ler seus livros no formato digital. “E, quando descubro algum que realmente gostaria de guardar, compro uma edição tradicional, de papel.”

Atentos às discussões, os editores brasileiros continuaram na rotina de seus negócios para publicação em papel. Segundo pesquisa realizada pela Câmara Brasileira do Livro com cerca de 40 editores que estiveram em Frankfurt, negócios efetivados resultaram em US$ 170 mil – no ano passado, aferição semelhante apontou um ganho de US$ 134 mil.

A Jorge Zahar Editor, por exemplo, acertou a compra dos direitos de Epigenetic, de Richard Francis, livro que parte de uma área da genética para contestar o determinismo genético. Entre os grandes negócios da feira, comentou-se sobre Wife 22, romance de Melanie Gideon, que teria sido comprado por uma cifra de seis dígitos pela HarperCollins.

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