O défice orçamental dos Estados Unidos é uma «ameaça real e crescente» que vai impor «sacrifícios» e «decisões muito difíceis», declarou na segunda-feira o governador do Sistema da Reserva Federal (Fed), Ben Bernanke.
«A ameaça [que o défice orçamental provoca] sobre a nossa economia é real e crescente, o que deveria ser uma razão suficiente para que os responsáveis da política orçamental ponham em execução um plano credível de redução dos défices para um nível viável a médio prazo», declarou.
O Estado federal norte-americano enfrenta o aumento do défice provocado pela crise económica e, a mais longo prazo, pelo envelhecimento da população, que ameaça o sistema público de seguro-doença e seguro-reforma, acrescentou.
«Não há nenhuma dúvida sobre este ponto: resolver os desafios imporá aos dirigentes políticos e à população a tomada de decisões muito difíceis e a aceitação de sacrifícios», disse Bernanke, que discursava em Providence, Rhode Island.
O presidente da Fed não especificou o tipo de decisões nem de sacrifícios que prevê.
Num discurso muito semelhante, pronunciado em Abril, Bernanke estimou que o país tinha inevitavelmente de escolher entre impostos mais elevados, modificações nos programas de seguro-doença e seguro-reforma, despesas públicas menos fortes, da educação à defesa, ou uma combinação destas diferentes propostas.
Depois de ter exibido um défice recorde de 1,416 biliões [milhão de milhões] de dólares no exercício de 2008-2009, que correspondeu a 10 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), o Estado federal apresenta um défice de 1,26 biliões nos primeiros 11 meses do ano orçamental 2009-2010, que acabou em 30 de Setembro.
O governo comprometeu-se a reduzir o défice para 4,3 por cento do PIB em 2012-2013, contando com uma forte recuperação económica.
Bernanke estima, porém, que o défice deverá depois voltar a crescer e que, sem mudanças políticas, «o orçamento federal ficará numa trajectória insustentável».
Para o dirigente do banco central norte-americano, «os actuais eleitos do congresso e o presidente, bem como os seus sucessores, deverão tomar decisões muito difíceis para reconduzir o orçamento para uma trajectória viável».