THAIS DE OLIVEIRA
O divórcio deve ser a última opção na vida de um casal, mas sabemos que muitos casais não conseguem manter o casamento. Num relacionamento a dois, existem sinais que revelam que a relação a dois não está boa. Estes sinais são o termômetro para assinalar que alguma coisa não vai bem. Por mais diferente que uma pessoa seja da outra, o processo de separação tem fases pelas quais todo mundo passa. Por isso, é importante você saber o que está acontecendo, ou está prestes a acontecer, quais as fases que levam ao processo de rompimento de um casamento. De repente, ao ler este artigo, você vai ter a oportunidade de detectar estas situações, analisar em que estágio o seu casamento está e restaurar a vida a dois.
A decisão
As insatisfações se tornam visíveis. Não existe mais diálogo, companheirismo, prazer de estar junto e as discussões que eram mensais começam a ser quase diárias. Pesa-se novamente os prós e contras e decide-se adiar a ruptura, apostando no resgate da relação. O processo de decisão, por qualquer uma das partes, é lento. É assustadora a idéia de construir uma vida sozinha e triste admitir que o relacionamento acabou. Há muito medo e dúvida envolvidos, seja por questões financeiras ou emocionais. Essa fase pode ser aberta e conhecida pelo casal, se eles optam por discutir os problemas e encontrar soluções, ou silenciosa. Passa o tempo e as coisas pioram novamente, com uma carga cada vez mais insuportável. A relação se transforma numa guerra ou num tédio completo. A tensão é tanta que não há mais saída. O momento de decisão fica mais claro quando ao invés de questionar o tempo todo como está o meu casamento?, você começa a perguntar como eu estou? É hora de encarar a separação de frente, sem jogar nada sob o tapete.
A negação
Há uma fase inicial em que se começa a negar que as coisas estavam tão ruins assim. Você acha que está exagerando, jogando uma relação longa e legal pela janela por besteira, que é só uma crise que passa como as outras. A negação é comum e pode vir tanto de quem decidiu pela separação ou pelo outro. Afinal, separar é doloroso, difícil e tendemos a esquecer as coisas ruins do relacionamento para tentar aplacar a dor da ruptura. O ser humano é ambivalente e os sentimentos também. Portanto, você vai demorar um tempo para ter certeza de que tomou a decisão certa (ou se ele tomou). É possivelmente perfeito querer sair fora da relação e ao mesmo tempo sofrer um medo danado de concretizar a perda.
Fracasso
Porque o divórcio representa o fim de um projeto de vida, cujo o investimento emocional foi muito grande. Afinal, ninguém casa pensando em separar. Por mais prática e realista que seja, você sempre acha que vai ser para sempre, que vai sempre ser amada e amar aquela pessoa. E mais, ele conhece tudo da sua vida, é seu porto seguro e muitas vezes, seu único amigo. Você fica descrente nos relacionamentos como um todo, acha que nunca mais vai se apaixonar e casar. Acha que todos são descartáveis e nada é duradouro. E que você não é capaz de fazer alguém amá-la.
Culpa
Aparece em consequência da incapacidade que sentimos por não conseguirmos salvar esse projeto (onde eu errei, porque ele não gosta mais de mim, o que aconteceu, por que eu?).
Rejeição
Se a separação foi pedida pelo parceiro, é inevitável. Uma das coisas mais difíceis de ouvir é que você não é mais amado. A auto-estima cai, você se sente feio, desinteressante. Cuidado para não se humilhar ou transformar esse sentimento em rancor, principalmente quando a outra pessoa começar a namorar de novo.
Medo
Em menor ou maior grau, sempre está presente. Medo de não conseguir ser feliz de novo, da solidão, de reconstruir a vida financeiramente e emocionalmente.
Os altos e baixos
No meio disso tudo, há dias em que você está se sentindo bem, livre, poderoso e corajoso e dias em que não consegue dar um sorriso, acha que o mundo vai acabar, que é vítima de todo o sofrimento, o mais feio. Não se desespere. É normal. Vai chegar um momento em que os altos serão cada vez maiores que os baixos.
Manter a amizade ou querer vingança
É difícil quebrar o vínculo com quem se foi tão íntimo, amado e que te conhece tão bem. Quase impossível. O tempo cura isso e o distanciamento é inevitável, mesmo que a separação tenha sido amigável. É, acima de tudo, essencial para o recomeço da sua vida. Não fique se sentindo na obrigação de entender tudo, compreender o que o outro sente, o que está acontecendo e não se culpe por ataques de ciúme e posse. Tente ser amiga, sim, mas respeite seus limites. Se você sofre ao ouvir que seu ex-parceiro saiu com amigos, não pergunte e não procure saber.
Do lado oposto, não nutra ódio ou revanche. No fundo esses sentimentos também são a maneira, negativa, de não cortar o vínculo, um processo lento, doloroso e necessário. Melhor não falar com o ex do que ficar brigando e tramando vingança. Melhor para você.
Começar de novo
É difícil, e no começo muito desanimador. Há a excitação de cair no mundo, ser solteiro, fazer o que quiser, decorar a casa como bem entender. Mas há o medo, a solidão, o vazio. A cama que antes tinha dois agora só tem você, coisas que estava acostumado a fazer não tem mais graça sem a companhia do outro. É preciso muita coragem e estrutura emocional nessa hora. Reúna os amigos, a família, tenha sempre gente por perto para os momentos de solidão. Mas não fique empurrando os sentimentos para baixo do tapete. Devagar, vá se acostumando com o tempo que tem sozinha. Ele também é precioso.
A perda definitiva
Acontece quando o outro começa um novo relacionamento. Tristeza, acessos de ciúme e posse são inevitáveis. Afinal, ele era exclusivo seu e vê-lo com outra pessoa dói porque você inevitavelmente se compara ao novo parceiro. Este é um sinal definitivo – ou quase – de que você perdeu, que a relação acabou mesmo e, principalmente, que você foi substituída.
Para curar as feridas de um casamento acabado
Bobbie Reed
Aconteceu o divórcio. E agora? Proteja seus filhos, refaça a vida, reflita e supere o trauma. A quebra de um casamento é sempre algo traumático. O efeito cascata espalha por todas as direções atingindo outros membros da família e amigos que ficam na retaguarda e desesperados. No centro está o relacionamento entre marido e mulher. Se eles puderem resolver os problemas, então há uma forte tendência de que outros poderão lidar com a situação de maneira positiva. Para os pais separados que querem resolver um relacionamento difícil com seus ex-cônjuges, considerem estas sugestões:
– Não use seus filhos como espiões, meios de manipulação, ou mensageiros de questões negativas. Isto é cruel para eles e apenas intensificam os atritos e desarmonia. O interesse das crianças deve ser a coisa mais importante na mente de ambos os pais.
– Se acordos legais foram feitos, e quebrados, use os canais corretos para corrigir a situação. Raramente ex-cônjuges discutem coisas racionalmente e chegam a soluções consensuais em questões legais, particularmente quando uma situação adversa existe entre eles. Negocie através de meios legais onde as mudanças nos documentos originais podem ser providenciadas por um advogado.
– Use um mediador se houver discordância entre ambos. Um pastor, um conselheiro cristão, ou um presbítero podem fazer o papel de mediador.
– Frequentemente lembre seus filhos de que o divórcio não foi culpa deles (crianças). As crianças precisam ser encorajadas a falar dos seus sentimentos especialmente nos meses seguintes ao rompimento do casal e quebra da família. Uma questão comum entre as crianças é a crença de que eles causaram o divórcio por causa do comportamento deles, atitudes ou defeitos.
– Aprenda a perdoar. Aí está o maior poder de cura, especialmente em situações onde existe discórdia, dissensão e inimizade. Cultivar ira e amargura contribui muito mais para destruir a sua vida do que para remediar os erros que lhe foram causados.
– Aceite seja qual for a sua responsabilidade na quebra do casamento. Refletir sobre seus defeitos pode ajudá-lo (a) a curar-se para que no futuro você possa ter relacionamentos mais saudáveis.
– Viva um dia de cada vez. Você não pode mudar seu ex-cônjuge, mas você pode mudar a si mesmo (a), ou assumir responsabilidade pela sua própria atitude. Perceba que sua maior esperança é saber que você tem um Deus bondoso, amoroso e misericordioso que está sempre ao seu lado e lhe oferecerá a Sua Presença para sempre.
– Lembre-se de que um aconselhamento cristão profissional pode ser aconselhável nos estágios iniciais do divórcio. Parte desse aconselhamento deve focalizar nas ferramentas específicas para lidar com o ex-conjuge.
– Freqüente workshops, seminários, ou leia materiais sobre auto-imagem positiva. Procurar discernir com sabedoria onde estão os lugares apropriados para buscar amor, companheirismo e auto-aceitação é de fundamental importância.
Dra. Bobbie Reed é autora de vários livros sobre família.