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Países emergentes devem concentrar 60% do PIB mundial até 2030

Em 2030, quase 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo estará concentrado nos países em desenvolvimento, como resultado de uma “transformação estrutural de importância histórica” na economia mundial, afirmou a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE). Em 2000, os países que não integram a OCDE (atualmente formada por 34 países) representavam 40% da produção mundial, mas em 2030 concentrarão 57%, segundo o estudo, intitulado “Perspectivas sobre o desenvolvimento mundial 2010: riqueza em transformação”.

O informe assinala que “o rápido crescimento das economias emergentes levou a uma reacomodação do poder econômico” e deu lugar a uma “nova geografia do crescimento mundial” e indica que “a crise financeira e econômica acelerou esta transformação estrutural da economia”. “As previsões sugerem que os países em desenvolvimento e os emergentes representarão quase 60% do PIB mundial em 2030”, afirma a primeira edição deste informe anual.

Exemplo dessa “transformação estrutural” que foi acontecendo nos últimos 20 anos é o caso da China, enfatiza a OCDE, país que, em 2009, se converteu no principal sócio comercial do Brasil, Índia e África do Sul.  “O centro de gravidade econômico do planeta se deslocou para o Oriente e o Sul; de membros da OCDE a economias emergentes”, afirma o documento, que classifica o fenômeno de “riqueza em transformação”.

Para a OCDE, este realinhamento da economia mundial representa uma “mudança estrutural de importância histórica”, que também supõe mudanças na hora de fixar a agenda internacional.  “A nova configuração do poder mundial econômico e político significa que os países prósperos já não podem fixar sozinhos as agendas”, afirma a OCDE, para quem o “novo esquema de governabilidade mundial reflete as realidades econômicas em transformação”.

O documento enfatiza que o papel do G20 (as principais potências industriais e emergentes) desde a explosão da crise “mostra como as potências convergentes se tornam protagonistas cada vez mais importantes na governabilidade mundial” e considera este fato como algo positivo.  Esta nova configuração também incide nas negociações internacionais, pois pode “incorporar espaço para novas coalizões estratégicas entre os países em desenvolvimento”.

Segundo o secretário geral da OCDE, o mexicano Angel Gurría, este fenômeno de “riqueza em transformação” deveria ser visto como “uma oportunidade para que a economia mundial passe para uma velocidade superior”.

O documento retoma o conceito de “um mundo de quatro velocidades” do ex-presidente do Banco Mundial (Bird), James Wolfenshon, que estabelece essas categorias – de países prósperos, convergentes, em luta para abrir caminho e pobres -, segundo sua renda e taxa de crescimento per capita em comparação com o mundo industrializado.

O novo mapa da economia mundial coloca em evidência a intensificação da interação entre os gigantes emergentes e os países pobres, que a OCDE resume na “crescente importância do Sul para o Sul”, uma tendência que possivelmente continuará.

Se entre 1990 e 2008 o comércio mundial se quadruplicou, em termos Sul-Sul se multiplicou mais de dez vezes. Por essa razão, esses fluxos comerciais poderão ser “um dos principais motores do crescimento durante a próxima década”, diz o documento, que propõe uma redução das tarifas Sul-Sul “aos níveis aplicados entre os países do Norte”.

A luta contra a pobreza continua sendo um desafio maior para o mundo em desenvolvimento, prossegue o informe, que destaca que “riqueza em transformação” reduziu a quantidade de pobres em 300 milhões de pessoas na primeira metade da década de 2000.

Mas adverte que, em muitos casos, o crescimento foi acompanhado por uma “crescente desigualdade”. O estudo aconselha que os dirigentes formulem políticas para reduzir as desigualdades de rendas, responder ao crescimento da demanda de exportações agrícolas, explorar o potencial do investimento Sul-Sul e apoiar a pesquisa e o desenvolvimento.

Economia nos Estados Unidos mostra sinais de melhora

O presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, mostrou-se otimista com a situação econômica dos Estados Unidos, apesar das dificuldades na Europa e dos recentes números preocupantes sobre o emprego nos EUA.

Bernanke assinalou à Comissão de Orçamento da Câmara de Representantes que a economia crescerá 3,5% em 2010, já que sofrerá apenas um “modesto” impacto com a crise da dívida na Eurozona.

“O crescimento do PIB será em torno de 3,5% no ano de 2010, e terá um ritmo um pouco mais acelerado no ano que vem”, declarou Bernanke durante audiência na Comissão de Orçamento. Esta estimativa não constitui uma revisão para cima do crescimento, já que o Fed previu um avanço de entre 3,3% e 3,7% em sua projeção anual realizada em abril.

Em relação à situação na Europa, Bernanke disse aos congressistas que o Fed se manterá “extremamente atento à evolução da situação no exterior e a seus eventuais efeitos sobre a economia americana”.

“A resposta dos europeus me deu segurança”, disse Bernanke, acrescentando que estão aplicando um “programa considerável” para enfrentar as dificuldades orçamentárias dos Estados da Eurozona. “Se os mercados continuarem se estabilizando, os efeitos da crise (da dívida na Europa) sobre o crescimento econômico nos Estados Unidos deverão ser modestos”.

Bernanke declarou que o risco de uma nova recessão parecia descartado, e que o setor privado estava substituindo as autoridades para “impulsionar a economia” americana.

Mas o presidente do Fed advertiu que “um crescimento de cerca de 3%” não seria suficiente para reduzir rapidamente a taxa de desemprego, acima de 9%. “Será preciso um tempo considerável para recuperar os cerca de 8,5 milhões de empregos perdidos em 2008 e 2009”, afirmou Bernanke, reconhecendo que a recuperação “não é tão rápida” como esperava o Fed.

Ben Bernanke acredita que a recuperação da economia norte-americana não deverá fazer recuar a taxa de desemprego rapidamente. Esta deverá manter-se “elevada por algum tempo”. A taxa de juro do país deverá aumentar antes da economia regressar ao “pleno emprego”.

O presidente repetiu que a inflação seguirá sendo baixa durante algum tempo (o que deve permitir ao Fed manter sem risco sua taxa básica para estimular a atividade), e se mostrou bem mais otimista em relação às perspectivas das empresas. Bernanke disse que dada à intensidade da recessão, a recuperação da maior economia do mundo está a decorrer a um “ritmo moderado”.

Bernanke sublinhou que a Fed vai subir a taxa de juro de referência, que se encontra em mínimo histórico, antes da economia regressar ao “pleno emprego”, um processo que os responsáveis não sabem quando começará. O preço do dinheiro nos Estados Unidos situa-se no intervalo entre 0% e 0,25%, o valor mais baixo de sempre.

De acordo com os futuros negociados em Chicago, a expectativa é de que a Fed não suba os juros antes do primeiro trimestre de 2011. Antes do início da crise financeira, em Agosto de 2007, esta taxa situava-se nos 4,6%. O presidente do banco central norte-americano acrescentou também que o sistema bancário não está completamente saudável e que as instituições estão “cautelosas” no que toca à concessão de crédito.

A crise européia e o futuro econômico do mercado internacional

A crise econômica que estourou em outubro de 2008 continua a fazer estragos na Europa. Dívidas de países como a Grécia enfraquecem a moeda única, o euro, enquanto mercados pressionam por mais estabilidade e trabalhadores vão às ruas para tentar salvar o antes generoso estado de bem estar social. A frágil situação do continente foi discutida em Bruxelas pelos 27 chefes de Estado e governo da União Europeia (UE). Durante o encontro, os países da UE lançaram a denominada estratégia Europa 2020 para o crescimento e o emprego, com os objetivos econômicos que deverão atingir todos os países europeus na próxima década aplicando seus respectivos planos nacionais.

“São dez e meia e não há crise”. Foi com estas palavras que o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, abriu a reunião dos 27 chefes de Estado e de Governo da União Europeia, no dia 17 de junho, em Bruxelas.  De olhos postos no futuro da união, Van Rompuy disse que “desde a nossa última reunião, em março, tomámos muitas decisões de grande alcance para salvaguardar a estabilidade do euro; agora temos de mostrar a mesma determinação e abordar os problemas estruturais a longo prazo”. Hoje a prioridade vai ser dada à nova estratégia económica “Europa 2020”, à regulação bancária, à disciplina orçamental e à melhoria da competitividade. Tudo “com o objetivo comum de preparar as economias europeias para o futuro”.

Apesar do otimismo de Van Rompuy, a situação dos países europeus é preocupante. O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu aos países industrializados que as atuais tensões nos mercados financeiros podem ir em aumento por causa da crise econômica na Europa e Estados Unidos. Um documento emitido pela instituição ante a reunião da União Europeia (UE) pontua que as atuais condições da economia mundial têm efeitos negativos concretos sobre o crescimento da economia mundial.

O relatório indica que se observa uma crescente volatilidade nos mercados financeiros, que reflete a preocupação dos investidores pela saúde fiscal dos países europeus. Segundo o FMI a crise na Europa representa um “grande risco” para a economia global. Em um documento preparado para a cúpula dos presidentes da UE, o FMI chamou a medidas urgentes para restaurar a confiança e melhorar as contas fiscais nas economias desenvolvidas.
A crise financeira mundial, que atingiu o auge em setembro de 2008, agravou os problemas financeiros de vários países da UE (União Europeia). Os governos, para diminuir os impactos da crise, ajudaram os setores mais críticos da economia com pacotes bilionários, que evitariam perdas de empregos e atenuariam os efeitos negativos das turbulências no setor financeiro. Com tantos pacotes de ajuda, a arrecadação destes governos diminuiu e eles ficaram mais endividados.

A tormenta econômica que teve origem com a bolha imobiliária americana em 2008 remexeu a situação política dos 27 países que formam o bloco, sobretudo daqueles que pertencem à zona do euro (grupo de 16 nações que adotam a moeda única). O caso da Grécia é o mais complicado. O país acumula um rombo nas suas contas públicas equivalente a 12,7% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas por uma nação).  Além disso, a Grécia tem a maior dívida da região, que deve atingir 120% do PIB em 2010.

Pelas regras da União Europeia, as dívidas públicas dos países membros não podem ultrapassar o equivalente a 3% do PIB. E se a violação dessa regra persistir por dois anos seguidos, os países poderiam até ser expulsos do bloco. Países como Espanha, Portugal, Irlanda e Itália também estão com endividamento alto, bem acima do limite imposto pela UE, e têm dificuldade de tirar as contas do vermelho.

Japão prepara plano de US$ 33 bi para evitar crise

O presidente do Banco do Japão (o banco central do país) disse que os mercados financeiros ainda não foram convencidos sobre os esforços da Europa para lidar com sua dívida, enfatizando a necessidade de o novo governo do país asiático ganhar a confiança dos investidores de que pode controlar seus débitos.

O banco central informou que emprestará até 3 trilhões de ienes (US$ 33 bilhões) a bancos comerciais em um novo programa de financiamento, cujo objetivo é direcionar dinheiro para indústrias com potencial de crescimento. O BC aceitará pedidos de empréstimo até março de 2012. O programa anunciado vai oferecer empréstimos de um ano com juros de 0,1% a bancos que financiarem projetos em indústrias com potencial de crescimento. O banco também decidiu em sua reunião de política monetária manter a taxa básica de juro do país em 0,1%, por unanimidade, em consonância com a expectativa do mercado.

Analistas, no entanto, têm dúvidas sobre a efetividade do programa, já que o valor de 3 trilhões de ienes representa apenas 0,7% do total de empréstimos bancários do Japão. Os problemas fiscais na Europa e as crescentes preocupações dos mercados sobre os riscos para a dívida soberana levaram o novo primeiro-ministro, Naoto Kan, a fazer da administração da dívida, que atualmente é o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) do país, sua prioridade.

As agências de rating ameaçaram rebaixar a nota do Japão, a menos que o país anunciasse um plano crível de redução. Mas, apesar do elevado valor da dívida, não há preocupações sobre a habilidade do Japão de financiar seus déficits no curto prazo, por causa da ampla poupança doméstica.

Laine Furtado – Linha Aberta Magazine

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