Programas caem no gosto dos usuários e oferecem oportunidades de trabalho a desenvolvedores novatos

O ascendente mercado acena com oportunidades a quem se interessar por ele. E o mais interessante é que o aspirante a desenvolvedor de aplicativos não precisa necessariamente estar ligado à área de tecnologia – embora, em geral, esses profissionais saiam na frente. Basta possuir noções básicas do negócio para começar a flertar com a profissão. Para auxiliar na tarefa, as empresas proprietárias das plataformas onde os aplicativos rodam – especialmente iOS, da Apple, e Android, do Google – disponibilizam kits com “ferramentas” para a construção dos programas, além guias que apresentam as diretrizes do trabalho e modelos de programas que podem ser copiados à vontade na criação de novas atrações.
“A Apple tem um material bem didático à disposição dos interessados que queiram se lançar nesse mercado. Conheço vários desenvolvedores de sucesso que começaram ali, sem sequer saber programar”, diz Breno Masi, diretor de marketing e produtos da Agência Fingertips, uma das empresas pioneiras na criação de aplicativos no país e que deve faturar 10 milhões de reais neste ano. Com tamanha experiência acumulada, Masi aconselha: “O que de fato é essencial nessa área é dedicação total.”
Conhecimento específico pode ser prescindível no início. Mas não é para o desenvolvimento na área. Por isso, Ana Luisa Santos, sócia da agência mob376, outra produtora de aplicativos, incentiva os candidatos a buscar especialização. “Conhecimentos parcos em programação levam à criação de aplicativos feitos com códigos confusos e improvisados”, diz Ana Luisa. “Isso impede o desenvolvimento de atrações de nível superior, aquelas que de fato se tornam sucesso no gênero.”
Para começar, certos detalhes devem ser observados, como a plataforma escolhida para iniciar o projeto. Existem vários sistemas operacionais presentes no mercado, mas apenas dois conseguem chamar a atenção dos desenvolvedores e de seu público: o iOS 4, que dá vida a iPods, iPads e iPhones, e o Android, do Google, presente em aparelhos de diversos fabricantes. Juntos, eles reúnem em suas lojas virtuais cerca de 850.000 aplicativos, como jogos, ferramentas de trabalho e serviços de entretenimento.
Embora ambos os sistemas sejam gigantes e promissores, há diferenças que devem ser levadas em conta no momento da escolha. A plataforma Android já ultrapassou a iOS 4 em número de celulares ativos no mundo – ou seja: os desenvolvedores que criarem produtos para o sistema têm mais clientes potenciais. A despeito disso, o sistema da Apple oferece um número maior de aplicativos atualmente: são 500.000 ante 350.000. “Historicamente, os usuários da Apple estão mais inclinados a comprar aplicativos, uma vez que a loja do Google oferece muitos itens gratuitos”, afirma o desenvolvedor Yuri Ramos.
Por ora, produzir programas para a plataforma da Apple segue como a opção mais lucrativa. Isso porque o Android sofre com a existência de várias versões de sistema e dispositivos em tamanhos e formatos diferentes. “Essa fragmentação é um desestímulo ao desenvolvedor, que presica gastar mais tempo adaptando sua criação para, no mínimo, três versões de sistemas operacionais”, afirma Masi. Em muitos casos, o esforço só vale a pena quando alguém faz o pagamento adiantado pelo serviço.
Produzir um aplicativo sob encomenda é, aliás, uma tendência crescente dentro desse segmento. “No fim dos anos 90, era impossível encontrar uma empresa sem website. Agora, a corrida é pelos aplicativos: as companhias querem usá-los para se aproximar de seus consumidores nos dispositivos móveis”, diz Ana Luisa. “Programas que reproduzam o conteúdo de sites, voltados ao público externo, e ferramentas de trabalho, para os funcionários, estão entre os aplicativos mais procurados no mundo corporativo.”
Após a escolha do sistema, aqueles que optarem pela produção independente podem começar a fazer dinheiro na área. Apesar dos 99 dólares de taxa cobrados anualmente pelas empresas responsáveis pelas plataformas, e dos 30% de participação em cima de cada programa vendido, existem empreendedores lucrando entre 7.000 e 9.000 dólares por mês. Tudo depende, é claro, da popularidade do aplicativo. Vale lembrar: 70% dos programas pagos disponíveis nas lojas custam 0,99 dólares. Ou seja, é preciso ser popular a ponto de dar escala ao negócio.